14/10/10

O caminho para casa

É o fim de mais uma tarde. Pelos passeios gelados levito de volta para casa. Sobre mim, as árvores cospem folhas secas à vez, como uma fonte programada de centro comercial. O solene assobio dos subúrbios inunda a minha cabeça, não preciso de fazer nada senão respirar.
As casinhas são todas iguais e estão alinhadas de forma perfeita mas todos sabemos qual é a nossa. Magia.
Passo pela família indiana que mora ao meu lado, eles nunca olham para mim. Uma criança de colo vira a cabeça e engole a infinitude desta rua com os grandes olhos escuros. Nos olhos da criança vejo - a fila de casas alinhadas prolonga-se, regular, até ao fundo, até ao céu. Magia.


Chego à entrada. Tenho uma chave que abre esta porta.
É dourada e suja, como um tesouro desenterrado.

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