06/01/10

Quase (8 de Maio)

Tenho algumas cicatrizes a confessar. Atravessam-me a alma até à epiderme. Exibem-se desavergonhadas a quem me despe.

Estou quase preparada, mas não realmente.
Sou sempre acompanhada, mas não realmente.
Estou quase equilibrada, mas não realmente.
Sou quase amada, mas não.


Tenho um pássaro sonolento na janela e uma amante voadora na cama. A tarde cose juntos os nossos corpos, flutuantes entre fiapos de luz. Vejo-nos no espelho,
eu e ela
no ar.


Não temos peso nem densidade, somos só cor e afecto, fome e reflexo.

Sou quase amada, mas não.


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