06/01/10

Divagações em Dueto (12 de Julho)

(...) A única parte divina acerca dos acontecimentos é, justamente, a Escolha. E a única parte misteriosa somos, surpreendentemente, nós mesmos, arquitectos e construtores distraídos das obras de arte com que nos deparamos, desconhecendo que é nosso o mérito, e não da Coincidência.

Poderás responder, - e o fluxo que corre dentro de nós, não será ele divino? – e eu responderei, sim, absolutamente. Mas será ele sempre a comandar os nossos pés, as nossas mãos? Será ele quem traz os momentos-chave até nós? Ou será ele apenas o processador? – E tu, cheia da sabedoria da tua paixão, responderás, mas não estará o fluxo divino em tudo? Nas mãos, nos pés, nos acontecimentos, na brisa, nas sensações, nas aparentes coincidências? E eu render-me-ei – sim, tens razão. Tudo é divino, tal como nós. Somos criação, depois criadores. – E no fim faremos amor até anoitecer, porque nada mais nos resta.


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