03/04/11

Para o Davide

Quantas vezes já nos perdemos à noite, em passos sincronizados fintando as luzes da rua?
Quantas vezes tecemos palavras, de garrafas meio vazias nas mãos, a combater o frio com murmúrios de ansiedade e amor?

Eu conheço os teus cantos escuros, de poesia e dor. De solidão secreta, cega por holofotes monumentais.
E tu viste os meus cantos escuros, a espreitar por detrás das cortinas lilases que faço ondular para os olhos do mundo.
Momentos existiram em que o meu escuro tocou o teu, e o nosso silêncio foi a nossa Jura. Sim, eu sei quem está aí dentro.

Amar-te é por vezes calar, ver-te partir por caminhos incertos, seduzido por brilhantes frutos e largos sorrisos.
Amar-te é por vezes doer, querer a lembrança de ti nu e desabrigado, para saber que não foram um sonho - aqueles momentos em que o meu escuro tocou o teu escuro.
Amar-te é ver-te por vezes tão longe, dividido entre os frutos e os sorrisos. Sem nada que te levante no ar, me levante no ar, e nos leve para onde precisamos de ir... Onde os nossos olhos vão ver o que se vê do céu e os nossos dedos vão tocar as estrelas.

Seremos o tecido que afaga a rotação do mundo. Amor.

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