10/03/11

O Leite Com Café


Acordas sempre branda, morna da cama. Os nós dos dedos entram-te nos olhos, empurram os sonhos para o alto da cabeça. Sabe bem mas custa. Faço-te o leite com café, são duas colheres de açúcar. E depois?
Eu não quero abrir a janela, tu não queres que eu abra a janela.
Eu não quero olhar lá para fora, tu não queres sair.
Queremos mergulhar neste leite com café e adormecer afogadas, partilhar sonhos de amor sem manhãs nem anoitecer.
Cais-me no ombro e a chávena dança sobre o teu joelho, ameaça tingir de café o negro dos nossos lençóis. E depois?
Tu não queres que eu volte a acordar-te, eu não quero voltar a acordar-te.
Tu não queres o leite com café, eu não me importo de o beber.
Queremos planar ignorantes do tempo, até que sejamos livres de voar. Para longe.

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