25/08/10

Goals

Entre o passado e o futuro, entre o real e o irreal, entre o que é certo e o que é errado, o que é belo e o que fere, entre o que se pensa e o que se vê, entre o que se tem e o que se perde, a vida é um mero sonho. Um breve, confuso, assustador, extasiado sonho. Em que nos debatemos sobre o que vamos jantar, se queremos ter filhos, se somos bondosos, se somos capazes, enquanto os segundos passam cada vez mais depressa, numa doce e fútil debandada para o final.

Não regressaremos jamais ao parque, à chuva, ao beijo, ao odor, ao primeiro passo, ao mais grandioso choro, ao agora. Ao aqui.
Mil mortes em cada piscar de olhos. Mil mortes em cada foda vazia. Mil mortes no gesto de apontares o dedo à sandes que queres comprar no cartaz iluminado do café. Mil mortes em ti. No Universo. Mil animais tombados. Mil máquinas desligadas. Mil filmes terminados. Mil luzes apagadas em misteriosos quartos de hotel. Em cada segundo se perece, fatigado, rendido, para sem se notar se renascer no próximo piscar de olhos de alguém.
Como percorrer condignamente o sonho? Como ser capaz de fazer as perguntas, e acreditar nas respostas? Como dar um passeio no parque? Como sentir a chuva?

O que é real? O que é passado? O que está certo? Como ser bondoso? Como ser capaz?!
E como me dispor a sorver a beleza que jorra de todos os poros invisíveis do ar? Com que força? Com que prazer? Com que crença? Para quê?

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