06/01/10

Pensamentos Profundos (9 de Agosto)

Ri-se de mim: Tu consegues lá pensamentos profundos sem estares completamente charrada.

Mando-a ir-se foder. Consigo sim. Sou a porra de uma metralhadora de pensamentos profundos. Vê-me só.

Não encontro uma caneta. Desisto. Ela ri-se outra vez, disfarçadamente. Vou até à cozinha, enfio um chupa na boca e dispo os calções e as cuecas. Sento-me na bancada com ar de puta e assobio. Ela vem. Quando me vê de pernas abertas, começa a andar devagarinho como um gato matreiro, e como um gato baixa ligeiramente a cabeça para não dar nas vistas. Quando está muito perto de mim, cheira-me o pescoço como se eu lhe fosse estranha. Depois arranca-me o chupa da boca e passa-o entre as minhas pernas. Eu sustenho a respiração, chocada, punida. Ela enfia o chupa na boca e roda-o lá dentro, esfregando-o na língua, com a boca aberta. Depois diz: Não prestas para nada.

Depois repete: Não prestas.

Agarro-a pelo pescoço com tanta força que os olhos quase lhe saltam. Num impulso atiro-a ao chão, não bate com a cabeça porque se apoia nos cotovelos, mas os longos cabelos castanhos agitam-se ondulantes em câmara lenta.

Depois sento-me na cara dela e faço-a pedir-me desculpa. Ela resiste. Eu agarro-lhe os cabelos e monto-a, vingativa. Ela cede e agarra-me as coxas enquanto se alimenta de mim.

A TV ficou ligada, oiço o noticiário da sala, começou a época de incêndios. Ardem colheitas, casas, animais. Árvores centenárias. Olho para baixo e ela continua a lamber, não se podia estar mais nas tintas. Há pequenas gotas de suor a escorregar em volta do pescoço moreno. Penso em levá-las para apagar os fogos. Mas em vez disso deixo-me estar.

O repórter da televisão fala em mortos, fala em lares destruídos, em famílias desesperadas. Sentada na cara dela, eu fecho os olhos e tento ter pensamentos profundos.

Sem comentários:

Enviar um comentário