Se sabias que eu estava lá, porque não te viraste para ver?
Se sentiste em ti o meu cheiro, porque não olhaste para mim?
Ou não sabes que viajo contigo para todo o lugar?
Ou não sabes que vou a planar nas costas das tuas mãos?
Para todos os cantos, todos os becos.
Se sabias que estava contigo, porque não me tocaste?
Porque não esticaste os dedos para me sentir a face queimada?
Ou não sabes que estamos presas, tua a faca e minha a cicatriz?
Ou não sabes que um beijo é uma fechadura por onde se espreita?
Desejaste que me anulasse. Como carta extraviada. Fechaste-me os olhos cortaste-me as mãos. Enterraste lenços de seda nos meus ouvidos.
Neste muro atrás de mim escreveste as tuas indiscrições.
E depois mandaste-me ir em frente.
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