21/08/10
Menos Mal
Aqui faz frio, mas muito menos.
As ruas inflamam-se a rebentar de desconhecidos. Mas menos mal.
Não existe o rugido ensurdecedor dos olhares entediados. Não me sufoca o medo de chegar a casa. Todas as tardes se prolongam no doce cheiro dos caminhos por terminar.
Aqui, ruas sem fim beijam os meus braços. Já vão longe as promessas enganadoras de abrigo. O meu único abrigo são os meus passos, porque eles não se detêm por ninguém. E AH! Como é bom não ter de esperar! Não volto a esperar. Nunca mais. Não torno a parar.
Uma chuva de luz trespassa-me enquanto caminho veloz. Todos me vêem. Não quero saber.
Que todos me vejam.
Mas ninguém me volta a reter.
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